Curso de pedagogia indígena na UFPI, 1º do Piauí, sofre segregação e MPF acompanha caso

Em meio a protestos e denúncia de racismo estrutural, o curso de pedagogia intercultural indígena no município de Currais (a 640 km de Teresina) teve início na última quarta-feira (26) de forma atrasada, devido à divergências.
A proposta era da UFPI (Universidade Federal do Piauí) realizar o curso dentro da aldeia, no território Laranjeiras, na comunidade Akroa Gamela. Cerca de 30 alunos indigenas e não indigenas se matricularam. Mas, ao tomarem conhecimento de que as aulas seriam ofertadas fora da aldeia, cerca de 40km de distância, em área urbana, um grupo de indígenas protestaram e acamparam em frente a reitoria da UFPI em Teresina pedindo que o curso de pedagogia intercultural indígena seja instalado dentro da comunidade.
Após várias tentativas frustradas de negociação, a direção da UFPI resolveu ofertar o curso dentro da aldeia para estudantes indigenas e outra parcela não indígena assistia as aulas em uma escola na zona urbana do município. A segregação causou revolta. Os líderes da comunidade Akroa Gamela resolveram aceitar a proposta, porém, ressaltando que não concordavam com a divisão de turmas. As aulas que eram para começar dia 6 de janeiro, só começaram 20 dias depois.
O Ministério Público Federal (MPF) intimou a UFPI e a prefeitura de Currais, que faz parceria com o projeto, para saber sobre a estrutura das duas escolas e investiga se configura racismo estrutural com a segregação de turmas. O MPF ficou de receber relatórios sobre a situação do curso e se há impacto no propósito dele que é de fortalecer a luta coletiva, as manifestações culturais, identidade e o pertencimento étnico.
“Deixamos claro, na mesa de negociação, que defendemos a união das turmas para fortalecer a cultura indígena, trabalhar para sensibilização das vivências e lutas nos territórios. Essa segregação caracteriza um racismo estrutural da UFPI e vamos continuar cobrando que o curso aconteça dentro das comunidades para indigenas e não indigenas”, disse Seribi Tukano, da União Plurinacional dos Estudantes Indígenas, que acompanha a discussão.
Na reunião, os representantes da UFPI informaram que vão trabalhar para sensibilizar os alunos para a unificação das turmas em Currais.
Fonte: Cidade Verde.