Perícia do Piauí realiza exames em caju entregues a crianças que morreram envenenadas
O Instituto Médico Legal do Piauí (IML) informou que vai realizar exames nos cajus envenenados que foram ingeridos por João Miguel, de 7 anos, e Ulisses Gabriel, de 8 anos, que morreram em agosto e novembro de 2024. Eles são parentes de quatro pessoas envenenadas em Parnaíba, no dia 1º de janeiro deste ano, após ingestão de arroz envenenado com terbufos. As vítimas são a mãe, dois irmãos e um tio dos meninos.
Segundo o perito geral do Instituto Médico Legal (IML), Antônio Nunes, exames estão sendo realizados agora nos cajus que teriam sido envenenados e que foram apreendidos pela polícia na época da morte das duas crianças. As frutas ainda não haviam sido analisadas. Um gato, que na época da morte das crianças foi encontrado na região, e que foi apreendido, também está sendo periciado.
“A gente fez primeiro o exame dos dois cadáveres, que era mais urgente, ao mesmo tempo temos muito exames para fazer. Fomos fazer outros e deixamos os cajus para depois. Estamos fazendo o dos cajus agora e também de um gato que morreu. Esse animal morreu no mesmo dia e local. As provas serão levas para a Polícia Judiciária. O fato é que ele foi apresentado também como uma prova importante coletado na hora e vamos fazer o exame”, afirma o diretor.
Pela morte das crianças uma vizinha foi presa. Ele destacou que com os resultados, serão entregues para o Ministério Público.
Ligação entre as mortes
O terbufós é uma substância tóxica utilizado em inseticidas e nematicida. A substância foi encontrada na panela em que o arroz que a família consumiu foi requentado. Segundo a perícia, a mesma substância foi encontrada no cadáver dos dois meninos mortos em agosto.
Com as novas mortes registradas, cresceu a suspeita sobre a ligação entre as mortes por envenenamento. O diretor Antônio Nunes cita que pela perícia os exames devem mostrar se a substância foi encontrada ou não em todos os alimentos e no animal.
“Para efeito de perícia a gente não tem crenças. Eu sigo as provas. Vou examinar o caju e o que o caju disser é. O caju e o gato. A gente não acredita e nem desacredita. Só seguimos as provas. A perícia não casa com nenhuma hipótese. A gente testa e o que for será. A perícia é neutra e imparcial, não se liga a nenhuma tese”, explica.
Suspeito preso por morte de família
Ontem (8) foi preso o suspeito pelo crime de envenenar 8 pessoas da própria família que comeram um arroz com terbufos no dia 1º de janeiro deste ano. Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, é padrasto de Francisca Maria, que morreu envenenada e também é mãe de Ulisses e Miguel que morreram em 2024 com os cajus envenenados. Ela também é mãe de Igno e Lauane que morreram com a ingestão do arroz.
No dia do crime, Francisco de Assis Pereira chegou a ser internado alegando ter ingerido comida envenenada junto com seus parentes.Com a investigação, a família informou que Francisco só sentiu os sintomas quando estava sendo conduzido pela PM para prestar depoimento. Isso só ocorreu 4 horas após a ingestão do alimento. O diretor Antônio Nunes cita que em caso de ingestão do veneno os sintomas são apresentados uma hora após o consumo.
“Os sinais dos sintomas são imediatos. Em uma hora da comida você tem os sintomas. Em maior ou menor gravidade, mas todos tem ao mesmo tempo”, explica.
Segundo a investigação, Francisco de Assis tinha uma relação tumultuada que a enteada (Francisca Maria, mãe das crianças), e com os moradores da casa.
Veja abaixo quem ingeriu o alimento:
- Manoel Leandro da Silva, de 18 anos (enteado de Francisco de Assis) – morto;
- Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses (filho de Francisca Maria) – morto;
- Lauane da Silva, de 3 anos (filha de Francisca Maria e irmã de Igno Davi) – morta;
- Francisca Maria da Silva, de 32 anos (mãe de Lauane e Igno Davi e irmã de Manoel) – morta;
- Uma menina de quatro anos (filha de Francisca Maria e irmã de Lauane e Igno Davi) – internada em Teresina;
- Uma adolescente de 17 anos (irmã de Manoel) – recebeu alta;
- Maria Jocilene da Silva, de 32 anos (vizinha) – recebeu alta;
- Um menino de 11 anos (filho de Maria Jocilene) – recebeu alta.
Durante a prisão de Francisco Pereira, também foram apreendidos materiais em três endereços. A reportagem apurou que o material encontrado dentro de um baú eram conteúdos relacionados ao nazismo, além de alimentos. O baú pertencia a Francisco e segundo o diretor do IML, em caso de solicitação policial, todo material pode ser periciado.
“O baú era de uso exclusivo onde ele guardava revistas, algumas outras coisas. E também foram apreendidos todos os celulares de quem estava na casa, dele, da mulher dele, dos filhos e da Francisca Maria. Nos outros endereços foram encontrados livros que também serão analisados”, afirma o delegado Abimal Silva, que preside o inquérito.
Também ainda serão periciados o sangue e urina das oito vítimas que foram internadas, entre elas o próprio Francisco, que chegou a ser internado, mas foi liberado 24 horas após a internação.
FONTE: Cidade Verde.