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Vizinha acusada de envenenar crianças com cajus em Parnaíba é inocentada; defesa pedirá indenização

Lucélia Maria da Conceição, de 53 anos, foi oficialmente inocentada pelo Tribunal de Justiça do Piauí do caso que envolveu a morte de Ulisses Gabriel da Silva, de 8 anos, e João Miguel da Silva, de 7 anos, após suspeita de envenenamento por cajus supostamente fornecidos pela vizinha. O advogado de defesa, Sammai Cavalcante, informou ao Cidadeverde.com que a sentença absolutória foi publicada no sistema do Judiciário nesta segunda-feira (13).

“A sentença cumpriu exatamente o que solicitamos junto com o Ministério Público. A decisão coloca Lucélia em uma situação de completa inocência”, afirmou o advogado.

Ação por danos morais e materiais

Com a decisão, a defesa de Lucélia planeja ingressar com uma ação indenizatória por danos materiais e morais. “Ela perdeu uma casa e vários utensílios dentro da casa, além de sofrer acusações graves baseadas em provas frágeis. Vamos em busca de reparação material e moral. Lucélia faz jus a isso, sofreu demais”, disse Cavalcante.

O advogado explicou que tanto ele quanto o Ministério Público irão renunciar ao prazo recursal, permitindo que a sentença transite em julgado. Após esse procedimento, a ação indenizatória será protocolada com certidão de trânsito em julgado.

“A inocência dela foi declarada desde o primeiro momento, foram peticionadas diversas vezes no processo sustentando a inocência dela, sempre negado pelo judiciário. Até hoje. Foi um grande dia de vitória.”, destacou Cavalcante.

Situação atual de Lucélia

Lucélia está liberta desde o início do ano e, segundo o advogado, ansiosa pelo processo indenizatório. Cavalcante também criticou a forma como a prisão foi conduzida.

“A Lucélia sempre teve direito à prisão domiciliar ou à presunção de inocência. Ela não iria fugir, nem ofereceria risco à instrução processual. Mesmo assim, foi negado o direito dela a responder o processo em liberdade. Agora, foi inocentada de fato pelo advogado e pelo Ministério Público, e de direito pelo Tribunal de Justiça”, afirmou.

Traumas e ameaças

Em fevereiro deste ano, Lucélia contou ao Cidadeverde.com que sofreu ameaças durante os cerca de cinco meses que permaneceu presa, entre a Penitenciária Mista de Parnaíba e a Casa de Custódia de Teresina. Ela disse que era chamada de “Maria dos Cajus” ou “Maria Cajueiro” e chegou a ouvir que “merecia ser envenenada”.

“Eu não saio de casa com medo. Me ameaçaram até de arrancar minha cabeça fora. Não volto mais à casa que foi incendiada no dia da prisão, quero vender o imóvel”, relatou.

Entenda o caso

Lucélia foi presa em 23 de agosto de 2024, suspeita de envenenar Ulisses e João Miguel. Inicialmente, exames de necrópsia indicaram a presença de terbufós, um veneno agrícola, nos corpos das crianças. No entanto, o laudo definitivo dos cajus descartou a presença de veneno, resultando na soltura de Lucélia em janeiro deste ano.

Após a morte de outras quatro pessoas da mesma família em janeiro, a polícia passou a investigar a avó das crianças, Maria dos Aflitos, e seu marido, Francisco de Assis Pereira, suspeitos de envenenar e matar outros familiares, unificando os casos em um novo inquérito policial.

Falhas nas investigações

Cavalcante afirmou que houve falta de profundidade nas investigações que levaram à prisão de Lucélia. “Ela foi presa com provas subjetivas e circunstanciais. A prova robusta surgiu agora. Lucélia nunca teve problemas com a senhora Francisca Maria, mãe das crianças, nem a conhecia. Tudo isso gerou um grande emaranhado de acontecimentos no processo penal”, declarou.

O advogado também comentou sobre o novo suspeito Francisco de Assis Pereira, afirmando que ele demonstrou desprezo pelas vítimas e que deve passar por avaliação de sanidade mental.

“Enquanto você acredita em algo sem prova, cria um viés de confirmação. Lucélia, ao contrário, nunca teve relação com as vítimas. Todo o processo estava sendo confrontado pela defesa desde o início”, completou.

Fonte: Cidade Verde

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